08 de abril de 2022

Trajetória Escolar dos Autistas de Barreiras foi tema de palestra e emocionante relato de experiência na Tribuna Popular da Câmara de Vereadores

Um encontro repleto de esclarecimentos, experiências compartilhadas e sensibilização à toda prova marcou a realização da Tribuna Popular da última quarta-feira (06) no Legislativo Barreirense. O evento fez parte da Semana de Conscientização sobre o Autismo 2022 na cidade, em sintonia orgânica com as celebrações do Dia Mundial de Conscientização do Autismo (2 de abril), sendo também dia de luta para tirar da invisibilidade milhares de autistas e respectivas famílias.

O tema escolhido para essa Tribuna Popular foi “A Trajetória Escolar de Estudantes com Autismo”, tendo como expositora a psicóloga Vânia da Silva Ferreira, que compartilhou sua fala com a significativa participação de Maiana Oliveira, vice-presidente da Associação de Amigos dos Autistas de Barreiras e Região (AMA), entidade responsável pela proposição dessa tribuna, com sede em Barreiras, com atuação afirmativa pelos direitos dos autistas, além de oferecer apoio profissional às famílias e firmar parcerias público-privadas em prol da inclusão.

A psicóloga Vânia Ferreira fez uma caracterização do Transtorno do Espectro Autista (TEA), com ênfase na pessoa do estudante com autismo. Ela também se baseou nas características centrais do chamado transtorno do neurodesenvolvimento, o que pode ser resumido na tríade “comprometimento na comunicação, dificuldade na interação social e atividades restritas e repetitivas” (trecho do panfleto AMA – Barreiras).

Com critério científico e compromisso político, Vânia mencionou as questões de TEA, sinalizando para a interdependência de aprendizados e ensinamentos coletivos com os quais se deve embasar a diferenciada temporalidade desses sujeitos para tornar possível a mudança (autonomia). “Cada qual tem suas características de personalidade, e precisam ser respeitadas”, explicou a psicóloga Vânia, que também aproveitou a ocasião para mencionar a necessidade de políticas públicas inclusivas, a exemplo do profissional de apoio nas salas de aula e em outros espaços da escola.

A singularidade do sujeito com autismo também requer um novo olhar e um excedente de dedicação, o que foi dignamente evidenciado no relato da vice-presidente da AMA, Maiana Oliveira, mãe de Luis Henrique Fônseca, um jovem autista de 20 anos, estudante do Curso Técnico-Integrado de Informática, ofertado pelo Instituto Federal da Bahia – IFBA (Campus Barreiras).

A vice-presidente Maiana fez um consistente relato de experiência, valendo-se da linha do tempo que ela mesma esboçou para definir a construção da trajetória de vivências e cuidados com Luis Henrique, desde as primeiras desconfianças em virtude do atraso no desenvolvimento pessoal dele, passando pelas percepções de movimentos repetitivos e falta de interação, até se sentir impactada pelo resultado positivo do diagnóstico, depois de completados oito anos de idade. Naquele momento, de maneira até paradoxal, ela disse ter encontrado alívio para começar a luta pela aceitação e inclusão do filho, sintetizando sua força e amorosidade com a seguinte frase: “É minha vida”.

Essa marcante Tribuna Popular teve a inicial condução do vice-presidente Hipólito dos Passos (MDB). Em seguida, o presidente Otoniel Teixeira (PSD) assumiu os trabalhos e aproveitou para agradecer a honrosa presença do diretor do IFBA (Campus Barreiras), Gustavo Quirino; do reitor da UFOB, Jacques Miranda; do diretor da UNEB (Campus IX – Barreiras), Reginaldo Cerqueira; e da coordenadora do CEPROESTE/Secretaria da Saúde, Geisa Queiroz; além de saudar a representante da Secretaria Municipal de Educação, Esporte, Cultura e Lazer; professores e intérpretes de Libras (IFBA).

No plenário Dr. Aroldo Cavalcante também compareceram estudantes do IFBA, peculiarmente alguns jovens autistas matriculados no mencionado curso integrado de informática, dentre os quais se encontrava o estudante Isaac Formiga, de 20 anos. Ele espontaneamente pediu para se pronunciar na Tribuna do Poder Legislativo, fazendo convergir para si toda a atenção dos vereadores e da plateia ao protagonizar atitudes acerca do seu cotidiano na escola, a produção de vídeos para a internet e a convivência com familiares, assim como a predileção pelo lazer no condomínio próximo ao Rio de Ondas, futebol, corrida e outros esportes, sem deixar de ir à igreja, produzindo um relato emocionante e inconteste de situações acerca das possibilidades de autonomia e de aceitação do sujeito-estudante com autismo.

ASCOM/CMB